
Esta semana Daniel Cormier deu aos fãs mais novos uma noção exata da importância de Anderson Silva para a história do MMA. Ao ser perguntado numa entrevista a ESPN americana se Israel Adesanya se transformaria no maior peso médio da história, caso vença Robert Whitaker pela segunda vez no UFC 271 no próximo sábado (11 de fevereiro), o comentarista do UFC e ex-campeão dos pesos pesado e meio pesado do evento rebateu: “Anderson Silva existiu e ele está para o MMA como Muhammad Ali está para o boxe. Anderson é o MMA e vai demorar muito tempo até alguém ultrapassá-lo”.
O fato é que para construir seu impressionante legado e chegar a este patamar de reconhecimento Anderson Silva sempre enfatizou a importância do aprendizado a partir das derrotas. E a primeira delas ocorreu na primeira edição do Meca, no dia 27 de maio de 2000 no Circulo Militar em Curitiba, onde além de Anderson e Luiz Azeredo (seu algoz que se transformaria em companheiro de treinos), também lutaram Murilo Ninja, Daniel Acácio, Clayton Mangueira, Nílson de Castro e Angelo Araújo.

UMA NOVA PLATAFORMA DE TALENTOS
Em 2000, quando Sérgio Batarelli parou de realizar seus IVC´s, na época o maior trampolim para atletas brasileiros lutarem no exterior, os lutadores brasileiros não ficaram orfãos por muito tempo graças a uma parceria entre o líder da Chute Boxe Rudimar Fedrigo e o repórter da Sportv Jorge “Joinha” Guimarães que propiciou o lançamento de um novo evento, o Meca World Vale-Tudo.
A parceria entre Joinha (que começava a criar o embrião do primeiro Canal de lutas do Brasil, o Combate) e Rudimar que tinha um enorme celeiro de campeões e precisava mostrá-lo ao mundo, acabou tendo importância fundamental para a nova safra de lutadores que surgia.
Mesmo com a precária estrutura de iluminação do ringue, feita por dois refletores de câmeras presos aos postes do ringue, o evento foi um sucesso absoluto e lotou o ginásio do Círculo Militar em Curitiba com quase 3 mil pessoas.
Na época apenas Pelé, que já era campeão do IVC e Wanderlei Silva, que havia estreado no Pride em 1999, já tinham seu lugar ao sol garantido. O Meca 1 lançou ao mundo os principais parceiros de treino dos dois: Anderson Silva, Murilo Ninja e Nílson de Castro.
CHUTE BOXE VENCE NO CHÃO
Nílson de Castro e Murilo Ninja surpreenderam ao provar que os atletas da Chute Boxe começavam a ficar bons também no chão, finalizando graduados da Luta-Livre e do Jiu-Jitsu. Nilsão finalizou o faixa preta de Luta-Livre, Daniel Acácio, com um triângulo, enquanto Ninja, na época faixa roxa de Jiu-Jitsu de Evanri Gurgle, usou o mesmo golpe para obrigar o faixa marrom da Godói/Macaco, Adriano Bad Boy a dar os três tapinhas.
Já Anderson Silva, que na época trabalhava no Mc Donalds e nem sempre tinha tempo para acompanhar os amigos nos treinos de chão, percebeu neste evento que precisava se dedicar mais a luta de solo para suprir seu ponto fraco.
Naquela época Anderson já era muito conceituado dentro da Chute Boxe, não só pelas duas lutas duríssimas que havia feito contra o já consagrado Pelé Landi nas regras do Muay Thai, mas principalmente pelas habilidades que já mostrava nos treinos com Wanderlei e os outros parceiros mais experientes. Anderson também vinha de uma estréia vitoriosa no Vale-Tudo em um evento pequeno no Mato Grosso, onde havia vencido dois oponentes na mesmo noite (inclusive Fabrício Morango na final) e ficado com o título.
 Oponente de Anderson em sua estréia, Luis Azeredo também era faixa preta de Muay Thai da equipe Godói/Macaco, além de ser faixa marrom de Jiu-Jitsu, o que lhe dava uma senhora vantagem sobre o representante da Chute Boxe no chão. Conhecendo a fama de Anderson e muito bem orientado por Godói, Luizinho usou a tática perfeita encurtando a distância e derrubando Silva em diversas oportunidades. O Chuteboxer se protegeu bem das tentativas de finalização, mas, inseguro com a possibilidade de ser derrubado, não conseguiu imprimir seu jogo em pé, resultado: após 20 minutos de luta (dois rounds de 10), Azeredo foi apontado vencedor.
Oponente de Anderson em sua estréia, Luis Azeredo também era faixa preta de Muay Thai da equipe Godói/Macaco, além de ser faixa marrom de Jiu-Jitsu, o que lhe dava uma senhora vantagem sobre o representante da Chute Boxe no chão. Conhecendo a fama de Anderson e muito bem orientado por Godói, Luizinho usou a tática perfeita encurtando a distância e derrubando Silva em diversas oportunidades. O Chuteboxer se protegeu bem das tentativas de finalização, mas, inseguro com a possibilidade de ser derrubado, não conseguiu imprimir seu jogo em pé, resultado: após 20 minutos de luta (dois rounds de 10), Azeredo foi apontado vencedor.          
Também participaram desta primeira edição do Meca vários atletas que viriam a se destacar no cenário nacional e internacional.
Clayton Mangueira que havia estreado no Vale-Tudo no RINGS russo sendo finalizado por Andrey Kopylov, desta vez sobrou. Só precisando de 2 minutos para derrubar, montar e, após uma seqüência de socos, finalizar com um katagatami o lutador de Muay Thai Carlos Matos.
Fazendo sua estréia nos ringues o padeiro peso pesado Ângelo Araújo começou sendo derrubado pelo faixa preta da Godói e Macaco, Eduardo Careca, mas acabou revertendo e definindo a luta com socos do cem quilos a 8min36s de luta.
Outro destaque local que brilhou no Meca 1 foi Carlinhos Lima do Karate Impacto que fez a luta mais sangrenta da noite contra Alex Verdan do Muay Thai. Carlinhos definiu com socos na montada no 2º round.
O primeiro mestre de Daniel Acácio, Sérgio Formiga, também estreou neste evento finalizando com um armlock o parceiro de treinos de Luis Azeredo, Antônio Carlos Lima
OS TALENTOS LANÇADOS NO MECA 1
Se não fossem eventos como o WVC, IVC, Jungle Fight e Meca, diversos lutadores brasileiros hoje reconhecidos internacionalmente, certamente teriam mudado de profissão. A primeira edição do Meca é um bom parâmetro. Além de Anderson Silva, que dispensa apresentações, diversos outros lutadores deste Meca 1 seguiram uma brilhante carreira no esporte.
Murilo Ninja – Após a vitória sobre Adriano, Ninja venceria mais quatro edições do Meca até ser levado ao Pride onde se consagraria com exibições antológicas (como contra Dan Henderson e Mario Sperry) passando a ser o segundo nome da equipe no evento (após Wanderlei Silva). Murilo também teve participação fundamental na entrada para o MMA de seu irmão Maurício Shogun, um dos maiores talentos da história do esporte, que futuramente se consagraria como maior peso meio pesado do mundo ao vencer o GP do Pride em 2005 e, cinco anos depois, conquistar o cinturão do UFC nocauteando Lyoto Machida.

Luis Azeredo – Depois de vencer Anderson, Fabrício Camões (Meca 3) e Cristiano Marcello (Meca 6), Azeredo recebeu um convite para fazer parte da equipe de Rudimar. Representando a Chute Boxe internacionalmente, Luisinho passou a ser um dos pesos leves mais respeitados do mundo, tendo vencido nomes como Rodrigo Ruas, Junior Buscapé, Milton Vieira e Paul Daley. Azeredo foi vencido duas vezes por Takanori Gomi e hoje tem um cartel de 25 lutas (15 vitórias e 10 derrotas). Hoje Luisinho é treinador de MMA em Nova York
Daniel Acácio – Aluno dos mestres Formiga e Eugênio Tadeu, Daniel Acácio é outro que estreou no Meca e acabou integrando a equipe Chute Boxe depois de grandes apresentações no evento. Depois da bela queda sobre Nilsão no Meca 1, Acácio deu outro show de quedas e ainda finalizou Sílvio Urutum no Meca 4. A partir daí passou a integrar a Chute Boxe tendo representado a equipe brilhantemente em eventos nacionais e internacionais por 5 anos. Hoje Acácio é head coach da Evolução Thai, equipe de André Dida, em Curitiba tendo se aposentado em 2018 com cartel de 30 vitórias, 19 derrotas e 1 empate.
Angelo Aráujo – Na época do Meca 1 trabalhava como padeiro e estivador. Depois de vencer Nilson de Castro, Claudio Godói, Evangelista Cyborg e Clayton Mangueira o peso-pesado foi para a BTT onde passou a se dedicar só a luta. Ângelo chegou a lutar com o irmão de Fedor, Aleksander Emelianenko no Inoki Bombaye em 2003. O paranaense se aposentou em 2010 com 15 lutas e 10 vitórias.
Nílson de Castro – Considerado um dos mais talentosos faixas preta de Muay Thai da Chute Boxe, Nilson de Castro já tinha cinco lutas de Vale-Tudo, tendo inclusive participado de um dos mais sangrentos torneio do IVC 11, quando perdeu a final para Flávio de Moura exatamente devido a um sangramento. Depois de lutar em mais seis edições do Meca, Nilsão lutaria em seis edições do Pancrase. Nilsão se aposentou em 2006 com 10 lutas e 8 derrotas e hoje é um dos principasi treinadores da equipe Chute Boxe.
Carlos “Mangueira” Clayton – Após a vitória no Meca 1, largou a borracharia do irmão, no morro da Mangueira, para se dedicar a luta. Chegou a lutar no ADCC, Rings e M1. Hoje Mangueira continua dando aulas de Luta-Livre e MMA.
 
            
















