
Eduardo Pachu, ex-lutador de MMA e líder da equipe Tropa Thai, é hoje um dos nomes mais respeitados no cenário nacional. Com mais de 30 anos de experiência, ele viveu a transição do Vale-Tudo para o MMA moderno e segue formando campeões. Pachu acumula no currículo a formação de diversos atletas que passaram pelos maiores eventos do mundo, como UFC, PFL e ACA, e segue liderando novos talentos do MMA brasileiro com uma visão que une técnica, experiência prática e foco no lado emocional do atleta.

“Quando comecei, era tudo Vale-Tudo. Depois virou MMA, depois Mixed Martial Arts. O esporte mudou muito. Hoje em dia, parece até que virou moda, todo mundo quer ser lutador. Mas não é só aparecer. É um processo longo. E como eu já vivi tudo isso — corte de peso, competição, derrota, vitória —, fica muito mais fácil montar um treino completo. A experiência me preparou para ser o treinador que sou hoje”, afirma.
Reconhecido por sua metodologia de treino baseada na repetição e na consistência, Pachu destaca que o principal diferencial está no equilíbrio entre corpo, mente e estratégia. “Eu vejo muita gente querendo ensinar 30 técnicas em um treino. Eu não acredito nisso. Prefiro treinar três movimentos bem feitos e repetir até que aquilo entre na mente do atleta. Porque quando o lutador entra no cage, não dá pra pensar muito — tem que agir. E isso só vem da repetição”, explica.
Mas, para ele, o que realmente define uma performance é o estado mental. “A parte psicológica influencia demais. Já perdi luta por excesso de confiança ou por deixar a adrenalina me consumir. Sempre digo pra eles: se não estiverem com a cabeça boa, nem corte de peso vai sair bem. Tem que lutar com vontade, com alegria e com amor. Isso é o mais importante”.
Pachu já esteve no córner de atletas como Rafael dos Anjos, ex-campeão do UFC, Vitor Miranda, Davi Ramos, Josuel “Açougueiro”, campeão do ACA, Juliana Velasquez, ex-campeã do Bellator, Antônio Braga Neto, Erick Silva, entre muitos outros. Mas uma história, em especial, o marcou profundamente:
“Foi quando treinei o Diego Braga e o filho dele, o Gabriel Braga, juntos, no mesmo evento. O Future FC, em São Paulo. Duas gerações, dois sentimentos diferentes, dois camps ao mesmo tempo. O Diego, veterano. O Gabriel, a nova geração. Foi muito especial. Fiquei até meio perdido no início, mas no fim deu tudo certo. Foi emocionante. E foi um dos momentos mais importantes da minha carreira”.
Desafios e legado
Até o fim do ano, a equipe liderada por Pachu tem compromissos importantes. A atleta Thalita Soares disputa o cinturão do Hexagone MMA, que será realizado na França no dia 29 de agosto; Juliana Velasquez entra em ação no PFL no dia 15 de agosto; e Renan Oliveira, campeão do MAC, luta no dia 13 de setembro por mais um título. Outros nomes, que fazem parte da equipe Atos Jiu-Jitsu, como Josuel “Açougueiro”, campeão do ACA, Capoeira, que também luta no ACA, e o Vinícius Cruz, também estão na rota por cinturões em eventos internacionais.
“Eu acredito muito nessa geração. O Renan Oliveira tem um cartel excelente. A Thalita Soares representa o Brasil com muita garra. O Leandro Nero, um garoto novo, tem um futuro brilhante. E o Gabriel Braga, que ainda é muito novo e ainda não chegou no auge dele. Eu aposto muito que ele vai ser campeão mundial. E lá na Atos tem o Bruno Fernandes, o Thiaguinho, que é campeão do Jungle Fight, o Josuel Açougueiro, o Capoeira, o Vinícius Cruz, o Raoni Barcelos, que luta no UFC. São muitos nomes. Cada um no seu tempo. Às vezes a chance demora a chegar, mas quando chega, tem que estar pronto”, resume.
Apesar da rotina intensa, Pachu ainda carrega a dor da perda do seu irmão de vida, Diego Braga, falecido em 2024.
“Foi muito duro. Parece que foi um filme, um filme de terror. Ninguém esperava que fosse acontecer essa tragédia. Ele era meu irmão, meu sócio, meu parceiro de treino. Eu vivi mais tempo com o Diego do que com os meus filhos. A responsabilidade triplicou. Recebi ligações de gente como o Rodrigo Minotauro, o Anderson Silva, o Renato Babalu dizendo pra eu não parar, que agora era comigo. Mas eu nem tive tempo de viver meu luto. Tive crises, fiquei mal por conta de tudo isso, mas sabia que se eu caísse, tudo ia acabar. E o Diego sempre dizia: ‘O sonho dos garotos não pode acabar’. Isso ficou na minha cabeça. Foi o que me levantou. Mas é uma dor que eu ainda carrego”.
Com o apoio da família, dos alunos e de um grupo sólido de profissionais, Pachu segue firme no propósito que compartilhou por 28 anos com Diego Braga.
“Ninguém faz nada sozinho. Sou grato a todos que estão comigo: Léo Lustosa, Márcio Moreira, Guto Demeschi, Bruno Caveira, Davi Ramos, professor Erivan Conceição, o mestre Cézar Casquinha e o mestre Laerte Barcelos e o Alexei Oliveira. Cada um tem um papel importante nessa caminhada. Aprendo com eles todos os dias, assim como eles aprendem comigo”.