Embalados pelo sucesso do Pride, famoso por suas super produções, quatro empresários brasileiros resolveram se juntar e promover o Heat Fighting Championship. A primeira edição do evento foi realizada no dia 31 de julho de 2003, no Ginásio do Machadinho, em Natal, e foi marcada por shows de Carlão Barreto, Renato Babalu e de um americano que anos depois se tornaria campeão do UFC, Forrest Griffin.
Por: Marcelo Alonso
Super produção
Os empresários Eduardo Alonso, Marcello Tetel, Conrado Carlos e Miguel Webber, empolgados com o sucesso das grandes produções do Pride no Japão, resolveram repetir a receita em solo brasileiro. Para isso, criaram o Heat FC com a ideia que deu certo no evento japonês: boas lutas, show de luzes e até elevadores levando os atletas à passarela que servia de caminho ao ringue.
Lutadores, treinadores e alguns veículos da mídia especializada foram recebidos em um belo hotel na capital potiguar, e então criava-se o clima para uma grande noite de lutas.
Um mix de atletas consagrados com jovens revelações era a aposta dos organizadores para um card que prometia!
Carlão Barreto nocauteia Rothwell
Famoso por sua excelente guarda, que já havia colocado Kevin Randleman para dormir, Carlão Barreto estava há quase dois anos sem fazer uma luta de MMA, mas mostrou sua evolução na luta em pé no combate principal da noite.
O brasileiro teve pela frente a promessa Ben Rothwell, que anos depois faria várias lutas por organizações como Strikeforce e UFC. Quem esperava que o faixa-preta de Carlson Gracie fosse buscar a luta de solo o tempo todo se enganou. Afiando seu Muay Thai com o mestre Paulo Nikolai, Carlão levou os quase seis mil presentes ao delírio, mostrando muita agressividade na luta em pé. O empenho do brasuca foi premiado ainda no primeiro round, quando encaixou um chute em cheio no rosto de Rothwell, que caiu nocauteado aos 6m58s. “Eu sabia que ele era forte, mas precisava colocar um nocaute no meu currículo”, vibrou Carlão após a vitória.
Babalú comanda show do Ruas Vale Tudo
Uma das equipes mais fortes do cenário nacional no início da década passada, o Ruas Vale Tudo foi muito bem representado na edição de estreia do Heat. O já veterano Renato Babalu foi o comandante do time na noite, e teve pela frente a revelação do Jiu-Jitsu Marcelo Uirapuru, que fazia sua primeira luta de MMA. O carioca usou toda sua experiência para dominar o confronto, escapando bem de todas as tentativas de finalizações de seu adversário, e vencendo na decisão dos jurados. “Estrear lutando 20 minutos com um cara que tem 19 lutas é a prova de que ele é um campeão”, elogiou Babalu, que teve seu irmão falecido um mês antes daquela luta, “Agora somos nós dois lutando juntos”. Dois parceiros de Babalu também saíram vitoriosos na noite. Alexandre Baixinho, que já contava com participações no IVC e também havia feito uma luta contra Matt Hugues nos EUA, derrotou Josenildo Tigre na decisão dos jurados. Já o então estreante Edu Simões usou uma das armas favoritas da sua equipe para vencer Carlos Índio: a chave de calcanhar. Com esta posição, Simões finalizou seu adversário e começou bem sua trajetória no esporte.
Ebenezer cai diante de promessa dos EUA
Um dos mais duros lutadores brasileiros, Ebenezer Braga teria pela frente um desconhecido atleta americano, que anos depois se tornaria uma estrela do UFC. Forrest Griffin demonstrou que tinha mesmo tudo para se tornar um campeão no duelo contra Ebenezer. O americano não se importou com a experiência de seu adversário e, após começar a luta em desvantagem, tratou de correr atrás do prejuízo, tomando o controle da situação, até chegar as costas e finalizar com um mata-leão aos 2m48s. Anos depois, Griffin tornou-se o primeiro vencedor do TUF e também campeão meio-pesado do UFC. O Heat FC 1 teve ainda o peso pesado Ângelo Araújo vencendo a pedreira Edson Paredão por nocaute técnico no segundo round, além de jovens nomes locais como Silmar Rodrigo, Fabio Bolinho e Paulo Guerreiro também saindo-se vitoriosos.
