Conhecido no mundo das artes marciais como um dos maiores apoiadores da luta nos tempos em que foi secretário de esporte do Rio de Janeiro no fim dos anos 90, José Moraes recebeu na última quinta, aos 79 anos, sua faixa vermelha de Jiu-Jitsu das mãos de Relson Gracie, filho de seu primeiro mestre, Hélio Gracie.
A cerimônia foi realizada no dojo da academia do Iate Clube Jardim Guanabara e contou com a presença de líderes das principais academias da cidade, além de grandes ícones do esporte como Paulão Filho, Ralph Gracie, Kyra Gracie e Relson Gracie.

DISCÍPULO FIEL
Nascido no Piauí, filho de um industrial, José Moraes emigrou para o Rio com o pai e irmãos aos 7 anos de idade, se estabelecendo na Ilha do Governador. No final da adolescência passou a treinar Jiu-Jitsu na famosa academia Gracie da Rio Branco, onde teve aulas com o mestre Hélio Gracie e depois com seus filhos Rorion, Relson e Rickson.
A paixão pelo Jiu-Jitsu fez Moraes abrir a primeira academia da modalidade na Ilha ainda nos anos 80, tendo Relson Gracie como seu sócio. Com a ida de Relson para o Havaí, Moraes trouxe Rodrigo Vieira (aluno de Rolls e primeiro mestre de Pederneiras) para ser o professor da Gracie Humaitá Ilha.
Comodoro do Iate Clube Jardim Guanabara, Zé Moraes transformou o clube no início dos anos 2000 na sede das principais competições da CBJJ. No fim dos anos 90 concorreu como vereador e graças a sua enorme popularidade na Ilha do Governador foi eleito. Ao fim do mandato foi convidado pelo prefeito Luiz Paulo Conde para ser secretário de esportes do Rio.
Durante este período, Moraes deu um grande impulso às artes marciais, criando o projeto do bolsa atleta, por intermédio do qual patrocinou grandes ícones do Judô, MMA, Jiu-Jitsu e Luta-Livre, como Kyra Gracie, Vitor Belfort, Wallid Ismail, Hugo Duarte, Flávio Canto, Carlão Barreto e Royler Gracie.
Durante sua gestão, quando o Jiu-Jitsu era diretamente associado a pitboys e brigas de rua, ele promoveu diversos eventos de grande porte voltados a esportes olímpicos, onde fez questão de encaixar a Arte-Suave, tendo participação fundamental na “migração” do Jiu-Jitsu das páginas policiais para os cadernos de esporte. O histórico desafio de lutas casadas, quando Royce lutou com Wallid em Copacabana, por exemplo, foi promovido durante o festival olímpico de verão.
Quando terminou seu mandato como secretário de esporte, Zé Moares foi eleito para tribunal de contas do Rio de Janeiro, onde ficou até completar 75 anos (aposentadoria compulsória).
“Foi uma homenagem muito bonita. A bandeira do meu pai sempre foi o esporte. Apesar de não ter o sangue Gracie, considerava todos da família como irmãos de sangue. Meu pai ficou muito feliz com a presença de tantos amigos da luta o prestigiando”, disse o filho mais velho Rickson, que hoje além de faixa preta é médico ortopedista, referência no mundo das lutas. Além de Rickson, Moraes tem outros 9 filhos, que também foram batizados em homenagem à família do mestre. “Marcus, Andriws, Rorion, Rogger, Rennan, Roberta, Raica, Cauã, Thayla”.
Uma tradição que também impactou os quatro filhos de seu irmão, Marco (Daniel, Diego, Victor e João Guilherme), todos faixas preta de Jiu-Jitsu, sendo Daniel pentacampeão mundial de Jiu-Jitsu e Diego treinador dos irmãos Anthony e Sergio Pettis.



