Depois de vender sacolé na praia, faixa-marrom de Jiu-Jitsu brilha nos Estados Unidos

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Léo Silva vem de vitória no DC Open, nos EUA - Foto: Vitor Freitas
Léo Silva vem de vitória no DC Open, nos EUA – Foto: Vitor Freitas

Para viver um sonho é preciso acreditar e, principalmente, trabalhar duro para conquistar seu objetivo. Foi o que fez o faixa-marrom de 24 anos Leonardo Silva, natural de Itaboraí, município do Rio de Janeiro. O jovem precisava pegar duas conduções para chegar até o Méier, no Rio, para treinar no QG da GFTeam de segunda a sexta-feira e cumprir a primeira parte do seu objetivo, pois ao fins de semana ele tinha mais um árduo trabalho.

Com dinheiro doado por amigos e familiares, Léo produzia sacolés em casa para vender nas praias de Niterói e Rio. O resultado das boas vendas garantia as inscrições e passagens para as competições nacionais. E a cada final de domingo, Léo retornava a Itaboraí para ver sua mãe e namorada. Já na segunda-feira, levantava às 7h da manhã para chegar a tempo do primeiro treino do dia na GFTeam, no Méier. Foi uma longa jornada até tudo ficar bem, nos anos seguintes.

“De início foi bem difícil. Minha namorada me ajudava pagando minha passagem toda semana e eu dormia no Irajá de segunda a sexta para poder treinar no Méier. Depois que mudei para a ‘Cachanga’, local que tinha vários atletas da GFTeam em busca de um sonho, comecei a ter mais gastos com alimentação e minhas necessidades básicas. Foi aí que eu tive a ideia de começar a trabalhar na praia aos fins de semana. Foi aí que comecei a juntar a grana para me manter no Méier e lutar os campeonatos”, explica Léo.

O caminho era sempre repleto de frustrações, mas ele optava por enxergar um brecha em cada dificuldade, como ensina o Jiu-Jitsu. Durante dois anos, entre as vendas e os treinos, Léo teve seu visto negado duas vezes para tentar entrar nos Estados Unidos. O que fez ele não desistir? Leia, a seguir.

“Eu sempre acreditei que daria certo, mas em alguns momentos tudo era muito difícil. Em época de carnaval, eu parava de treinar e vendia sacolé a semana inteira para juntar dinheiro. Era basicamente essa a minha vida, treinar e trabalhar. Eu mantive meu sonho vivo por dois anos graças aos sacolés e a galera que me apoiava. Fiquei muito frustado quando tive o meu visto negado por duas vezes. Eu não tinha vontade de desistir, mas eu ficava muito abalado”, reflete Léo para, logo em seguida, contar como foi a virada da sua vida, entre os anos 2017 e 2018.

“A virada da minha vida aconteceu muito rápido, foi entre 2017 e 2018, depois de um 2016 cheio de expectativa. O Gutemberg Pereira, hoje um dos grandes nomes da GFTeam, me chamou para treinar com ele e mais uma galera na GFTeam Toledo, em 2017. Daí em diante as portas se abriram, meu visto foi aprovado e peguei a minha faixa-marrom. Lutei o Pan como meu primeiro torneio nos Estados Unidos e fui medalhista de bronze. Depois, fui medalhista de prata no Mundial, onde perdi por 4 a 2 para o Levi Jones, hoje faixa-preta. Ganhei todos os opens da IBJJF até hoje desde que cheguei. Esse ano fui novamente medalhista do Pan, na terceira colocação e agora estou motivado para dar um salto na minha carreira de atleta no Mundial”, conta.

Hoje Léo vive em Ohio, nos Estados Unidos, onde ministra aulas em inglês e compete em alto nível na faixa-marrom. Ele treina ao lado de Gutemberg, Max e Dante Leon. Recentemente, no último fim de semana, Léo faturou a medalha de ouro no peso médio do DC Open, da IBJJJF, em Washington.

“Tudo é possível se você acreditar. Não posso contar nos dedos as diversas pessoas que desacreditaram em mim, mas eu sigo vencendo e dando orgulho para quem apostou em mim. É só o começo”, encerra Léo.