Jadyson Costa lembra “batismo” na Chute Boxe e esclarece polêmica com Patrício Pitbull

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Considerado um dos talentos do peso leve da tradicional Chute Boxe, conhecida por representar o muay thai, Jadyson Costa viveu toda sua história na equipe curitibana, desde o batismo, passando pela luta no Pride. Em entrevista ao PVT, ex-lutador de MMA falou sobre sua migração para o jiu-jitsu depois da aposentadoria e sobre a vida nos EUA, onde atualmente é professor da arte suave. Jadyson também lembrou dos duros treinos com as diversas lendas da academia, e sobre a polêmica com Patrício Pitbull.

Confira a entrevista abaixo.

(Foto: acervo pessoal)

Onde está atualmente, e como está o jiu-jitsu nos EUA?

“Estou morando na cidade de Grand Rapids, no estado do Michigan. Atualmente tenho 130 crianças e 80 adultos fixos na academia, mais aqueles que aparecem esporadicamente para treinar. Viver de uma coisa que a gente ama não tem preço. Aqui o nosso o Jiu-Jitsu pode ser muito valorizado, repetido, desde que você seja um bom professor, buscando sempre a evolução, e competindo bastante porque, afinal de contas, o Jiu-Jitsu está em desenvolvimento constante. Eu represento a Unity Jiu Jitsu, head coach Murilo Santana, que é mundialmente conhecida pela excelência em treino e desenvolvimento do esporte.

Como analisa a evolução do jiu-jitsu?

O Jiu-Jitsu vem crescendo muito no mundo todo pelos inúmeros benefícios que essa arte proporciona para todos os praticantes. Por exemplo, aqui no Estados Unidos não tinha muitas competições para crianças no IBJJF, era somente o Pan Kids e American National. Agora já tem os IBJJF Open para as crianças, Kids Con e até o ADCC Kids, entre outros. Tenho alunos competindo esses eventos há alguns anos e tenho notado o desenvolvimento. O Jiu-Jitsu é um esporte que proporciona tanto melhorias da parte física do seu praticante, quanto desenvolvimento social e psicológico. O fato de que esses últimos benefícios estão cada vez mais sendo explorados faz com que o potencial de crescimento do esporte aqui nos Estados Unidos seja exponencial. Agora, vale lembrar sempre que isso só e possível com um professor com excelência na didática e que busque desenvolvimento constante.

Como foi sua formação na arte suave e quais suas últimas competições?

“Treino Jiu-Jitsu desde meus 15 anos de idade e hoje tenho 42 anos. Comecei no jiu-jitsu com o professor Almir, academia Glendha, que era da minha cidade, Paranaguá, e foi o mesmo professor que deu a faixa roxa para o Anderson Silva e foi o mesmo professor que colocou o Anderson Silva para lutar MMA na primeira vez, inclusive eu estava lá no córner do oponente do Anderson, que era o meu professor de boxe, chamado Chico de Assis, muito conhecido na época. Ou seja, eu e Anderson começamos na Glendha. Então, comecei a jiu-jitsu sem kimono com o professor Almir, e depois de um tempo eu conheci o Renato Tavares. Depois de quatro anos de jiu-jitsu, fui morar em Curitiba e treinar com o Renato Tavares. Aí de lá eu peguei a faixa branca, azul e roxa com o Renato. Ele foi para os Estados Unidos e eu fui para Chute Boxe. Possuo quatro graus na minha faixa. Comecei a competir em 2018. Meus maiores títulos são: pela IBJJF fui duas vezes campeão Pan-Americano sem Kimono pela IBJJF, duas vezes vice-campeão Pan-Americano Sem Kimono, 3º lugar no Pan-Americano com Kimono e vice-campeão mundial sem Kimono. Também fui campeão do American National com Kimono e sem Kimono, entre outros títulos.”

Como saiu do MMA e decidiu ficar só com o Jiu-Jitsu?

Tive meus grandes momentos no MMA, lutei no Pride e fui campeão do EFC na categoria meio-médio. Depois que cheguei aqui nos Estados Unidos, em 2015, contratado para exclusivamente dar aulas de Jiu-Jitsu, decidi parar com o MMA e competir apenas no Jiu Jitsu a partir de 2018. Hoje sou o número 1 do ranking mundial pela IBJJF na minha categoria.

Você atualmente vive no jiu-jitsu, mas teve origem como lutador na Chute Boxe, onde predomina o muay thai. Como foi seu “batismo” lá?

“Eu não fui bem reccebido na minha chegada a Chute Boxe. Eu rezava antes de treinar e rezava ainda mais depois do treino para agradecer que ainda estava vivo. Apanhei muito durante algumas semanas, e treinava a base de anti-inflamatórios e relaxante muscular. Acredito que o motivo para ter que batalhar pelo meu espaço dentro do time foi o fato de que lutei contra o Cristiano Marcelo, que na época era o professor de Jiu-Jitsu da equipe, entao já viu né. Como a maioria dos fã de MMA que conhecem a Chute Boxe já sabem, lá a cobra fumava mesmo, era tipo um Pride por dia, rolava pisão e tudo mais. O clima esquentava ainda mais com os calouros.”

Como era treinar com lendas no auge da era Pride?

“Quando cheguei, tinha 21 anos e cheio de vontade de me tornar um lutador do Pride, como a maioria deles. Então tive em quem me espelhar e treinar duro. Foi um sonho que realizei. Fiz grandes amizades que carrego até hoje.”

E você conseguiu lutar no Pride, enfrentou Takanori Gomi. Como foi a experiência?

Foi fantástica! A minha luta foi a primeira da história do evento na categoria leve. Me senti honrado, mas a pressão foi imensa. Meu oponente não era muito conhecido e lutei na frente de mais de 40 mil pessoas no Yokohama Arena. O resultado não foi o esperado, mas mesmo perdendo essa experiência transformou a minha vida, sem sombra de dúvidas.

Houve uma polêmica sobre seu treino com Patrício Pitbull. Ele disse que houve trairagem…

Na verdade não há polêmica, não teve trairagem, há na verdade a não-aceitação do método de treino que existia na Chute Boxe. Quando o Patrício chegou na academia, eu estava morando na cidade de Blumenau. Meu mestre me ligou dizendo que tinha chegado um rapaz do Nordeste muito bom do meu peso para eu fazer um sparring e que eu tinha que nocautear ele. Então eu fui lá fazer o que ele mandou. Na verdade eu não vi nada de errado com isso, já fazia parte do nosso cotidiano sair na mão pra valer. Resumindo nosso sparring: eu comecei com um chute forte já pra ele entender que o bicho ia pegar mesmo. Em seguida peguei ele no clinche do Muay Thai e fui logo com uma joelhada na cara para nocautear assim como fui mandado. Sim, isso pode parecer muito forte e intenso, porém lá na Chute Boxe isso acontecia todo dia. Como todos os que conhecem a Chute sabem que era normal para os atletas. Para os novatos, assim como foi para mim, tinha que aguentar e se acostumar se quisesse fazer parte da equipe.

Ambos irmãos Pitbull são campeões do Bellator hoje. Na sua opinião, como seria um confronto com os campeões do UFC?

“Olha, vou te falar que seria um grande confronto para ambos os lados. O primeiro que piscasse o olho iria cair. Makhachev tem um jogo muito apurado tanto em pé como no chão. O Patricky também é muito bom nas duas áreas. No entanto, Makhachev, depois dessa luta contra o Charles, provou que o Jiu-jitsu está em dia e afiado. Acredito que o Makhachev pode sair com a vitória contra o Patricky se a luta for para o solo, não que seria a minha vontade, mas é a minha mera opinião. Já seu irmão Patricio contra o Volkanovski seria uma grande luta também, até porque os dois tem o estilo bastante parecido, mas ainda acredito que o australiano venceria pelo seu estilo mais agressivo, contundente, finalizador.”