Finalização rende polêmica no Future FC 5 e personagens dão suas versões

0
275
Posição da discórdia - Foto: Marcos Santos / Future FC

Uma finalização rendeu muita polêmica nos bastidores da 5ª edição do Future FC, realizada na última sexta-feira em São Paulo-SP. Pego em um mata-leão por Rander Junio, Antônio Paulo Nego e sua equipe acusam o árbitro central Harry Santos de ter interferido diretamente no ajuste da posição que definiu a luta. Assista no vídeo abaixo:

Rander Junio ganhou as costas, fechou o cadeado na linha de cintura e, enquanto tentava arrochar o mata-leão, era impedido de girar pelo fato de Antônio Paulo Nego estar com os dedos do pé enganchados na grade. O árbitro pediu três vezes para que ele tirasse. Na quarta, interrompeu a luta e encostou nos atletas. Depois que autorizou o reinício, Rander girou, encaixou o golpe e finalizou, para desespero de Nego.

“Não tiro o mérito do meu adversário, ele fez a parte dele, ganhou a luta, mérito dele. Mas a paralização do juiz atrapalhou a luta, tirou meu foco. Acho que não tinha que ter parado a luta naquele momento crucial, pois eu estava me defendendo e, quando ele parou a luta, eu parei de me defender. No meu ponto de vista, já que ele parou luta, ele deveria ter colocado a luta em pé e, já que estava me advertindo, ter tirado 1 ponto de mim, para não punir o Rander também. No momento que ele parou, foi o momento que me prejudicou e o Rander conseguiu encaixar a finalização”, protestou o atleta da CM System.

Posição da discórdia – Foto: Marcos Santos / Future FC

Faixa-preta de Athayde Junior, da equipe Constrictor, Rander Junio discorda do adversário e afirma que, se alguém foi prejudicado com a intervenção do árbitro, esse alguém foi ele.

“Quem foi prejudicado fui eu. Eu já estava com a mão no pescoço, já tinha entrado 100% e estava fazendo a pressão com a cabeça. O árbitro falou com ele várias vezes e depois pegou minha mão e tirou a pressão que eu estava fazendo na cabeça dele. Quando o árbitro disse ‘valendo’ e tirou a mão, como ele (Nego) tirou o pé da grade, eu consegui fazer o giro e finalizar. Fui prejudicado ali, mas se voltasse essa posição mil vezes eu finalizaria as mil. Venho de uma escola de excelência em Jiu-Jitsu, onde eu treino o básico todo dia. Ali não tinha como eu perder a posição. O Antônio Paulo Nego é um grande atleta, mas no final do ano eu faço seis anos de faixa-preta, sei que não deixaria aquela oportunidade escapar”, garantiu.

Árbitro da luta, Harry Santos discorda do protesto do atleta da CM System e reconhece que sua ação poderia ter prejudicado Rander.

“O atleta finalizado fez falta por três vezes usando a grade (prendendo com os pés), foi advertido e teve o pé retirado por mim. Na quarta vez, eu dei pause na luta, segurando claramente o braço do atleta que tentava a finalização. No próprio vídeo da luta dá para ver eu segurando fortemente o braço dele para que mantivesse a posição e podemos ouvir eu mesmo mandando ele parar de apertar. Após advertir o lutador que vinha sofrendo a tentativa de finalização, eu toquei os dois lutadores e dei o comando verbal simultaneamente e para os dois. Outro detalhe que confirma que essa posição não influenciou a finalização é que, logo após o reinício da luta, o lutador que vinha fazendo o ataque perdeu o encaixe que já tinha e ficou com apenas o braço da cana, ou seja, ele teve que recomeçar a ação”, explicou.

Um dos juízes brasileiro que atua no UFC, com formação em cursos de arbitragem de Big John McCarthy e Herb Dean, Guilherme Bravo assistiu ao momento chave da luta a pedido da reportagem e fez sua avaliação sobre o que deveria ter sido feito.

“O principal dever de um árbitro é garantir a integridade física dos atletas e monitorar o seguimento das regras. Ele deve conduzir de forma justa um combate, interferindo o mínimo possível. Nessa situação, a conduta certa é de não interferir na ação de um lutador que está com a vantagem de terminar o combate. Mesmo que ele receba uma falta, se ela não tiver dano ou efeito algum para impedir a vantagem dele, não tem porque interferir na ação. O árbitro pode até mesmo tirar o ponto do atleta que causa a falta sem que precise paralisar o combate! Se caso o árbitro resolva parar a ação, ele primeiro deve pedir tempo (time), em seguida, separar (break) os atletas, mandar ambos para um corner neutro, analisar a condição do atleta que recebeu a falta e notificar o infrator  (lembre-se de que, se precisou quebrar a ação, deve se tirar o ponto, pois, se a falta foi grave, ela deve ser punida, caso o contrário, não tem sentido). Se a luta prosseguir, a ação deve recomeçar de onde ela estava no momento que o tempo foi pedido. A outra situação é que, se o atleta que cometeu a falta cair em uma posição de vantagem, o árbitro deve agir da mesma forma e, ao invés de recomeçar a ação na mesma posição, ele não a começa. Ele tira a vantagem do atleta que cometeu o ato ilegal, tirando a posição dele. Nesse caso, ele pode ou não tirar o ponto, lembrando que, se tiver lesão, ele deve tirar ao menos um ponto se não for intencional. Se a falta for intencional, é mandatório que se tire dois pontos”, disse Bravo, que recentemente lançou o livro “Nas Mãos dos Juízes”.