O peso das mãos de John Lineker fez mais uma vítima no ONE Championship. O brasileiro anotou a sua terceira vitória em três lutas na organização asiática ao mandar Troy Worthen para a lona ainda no primeiro round em edição realizada nessa quarta-feira em Singapura. Com mais essa atuação de gala, é provável que o paranaense seja alçado à disputa do cinturão dos pesos-galos da organização, que tem como campeão o manauara radicado no Canadá Bibiano Fernandes. Assista abaixo ao nocaute do “Mãos de Pedra”.
O UFC 261 tem tudo para entrar para a história. Além de ser o primeiro evento promovido pelo Ultimate a receber público desde o início da pandemia, o card conta com três duelos valendo cinturão. O main event da noitada de lutas deste sábado (24), em Jacksonville, na Flórida, será o combate entre Kamaru Usman e Jorge Masvidal – e o campeão da categoria meio-médio tem chance de se aproximar das lendas Anderson Silva e Jon Jones na lista de maiores séries invictas da história do UFC. Não por acaso, o nigeriano é favorito disparado nas cotações das casas de apostas esportivas da internet.
Além de Usman x Masvidal, o UFC 261 apresentará duas lutas femininas valendo título. A primeira delas será entre Jéssica “Bate-Estaca” Andrade e Valentina Shevchenko, valendo o título peso mosca. Mostraremos tudo sobre as oportunidades de lucro no possível título da brasileira nesta sexta. O outro combate pelo cinturão será entre a chinesa Zhang Weili, atual detentora do título e favorita, e a americana Rose Namajunas, no peso palha. Todas as cotações listadas a seguir, fornecidas pelo Odds Shark, estão à disposição para apostas no Bodog, uma das melhores casas do ramo e referência internacional nesse mercado.
Já são treze vitórias seguidas para Usman, sendo a última delas sobre o brasileiro Gilbert “Durinho” Burns no UFC 258, em fevereiro. Com isso, ele está a três triunfos de igualar as 16 vitórias consecutivas do Spider e a quatro do recorde de Jon Jones (17). Se derrotar o americano Masvidal, o nigeriano deixará para trás Khabib Nurmagomedov, Max Holoway, Georges St-Pierre e Demetrious Johnson, que também emendaram treze vitórias seguidas no UFC. E esse retrospecto recente impecável faz de Usman uma barbada, com cotação de R$ 1,25 para 1 no Bodog caso alcance a 14a vitória.
Masvidal já teve a chance de tomar o cinturão de Usman no ano passado, mas perdeu por pontos. A decisão de Dana White de dar mais uma chance ao americano parece motivada menos pelos méritos de Masvidal, que nem sequer voltou a lutar depois de perder para o nigeriano, e mais pela falta de oponentes fortes para Usman. Naquele combate disputado na Ilha da Luta, o campeão dominou do começo ao fim e “amassou” o americano. A única diferença desta vez é que Masvidal teve mais tempo para se preparar e deve chegar com a parte física aprimorada. Ainda assim, fica difícil apostar na queda do atual campeão.
Outras cotações para Usman x Masvidal:
Kamaru Usman vence por decisão dos jurados: R$ 1,83 para 1
O campeão ganha por nocaute ou nocaute técnico: R$ 3,50 para 1
O combate chegará ao quinto e último assalto: R$ 1,64 para 1
Peso palha feminino – (R$ 1,47) Zhang Weili x Rose Namajunas (R$ 2,70)
Por falar em sequência de vitórias, a chinesa campeã do peso palha ganhou todas as cinco lutas que disputou no UFC e, somando os combates por outros torneios, tem nada menos de vinte vitórias consecutivas. Ela só perdeu sua primeira luta como profissional, em 2013. Segundo as casas de apostas, a maior chance é de que essa sequência seja ampliada, com a vitória da campeã pagando R$ 1,47 para cada real investido. Vale lembrar, porém, que a desafiante já foi a campeã da categoria de 2017 a 2019 e também corria por fora quando tomou o cinturão de Joanna Jedrzejczyk, que estava invicta na carreira até aquele duelo.
Outras cotações para Zhang x Namajunas:
Zhang Weili ganha a luta por pontos: R$ 2,60 para 1
Namajunas conquista o título com um nocaute: R$ 6,50 para 1
Zhang vence por nocaute ou finalização: R$ 2,90 para 1
Peso médio – (R$ 2,05) Uriah Hall x Chris Weidman (R$ 1,80)
Ainda no card principal, vale destacar a lutaça entre dois grandes nomes do peso médio – ainda que nenhum deles viva seu melhor momento. O ex-campeão Chris Weidman, algoz de Anderson Silva, está em 11o no ranking da categoria e vem de um triunfo sobre o russo Omari Akhmedov. Uriah Hall é o 9o no ranking e nocauteou o Spider em seu último duelo. Com odds de R$ 1,80 para 1 no Bodog, Weidman é o favorito, mas por margem apertada, já que vitória do “Homem-Ambulância” paga R$ 2,05 para 1. Note que Weidman venceu só duas de suas últimas sete lutas, enquanto Hall ganhou quatro das últimas cinco. Chance de mais que dobrar seu investimento se você acreditar no jamaicano.
Outras cotações para Hall x Weidman:
O “Homem-Ambulância” consegue mais um nocaute: R$ 3,00 para 1
Weidman, forte no wrestling, vence a luta por finalização: R$ 4,95
A decisão vai para as papeletas dos jurados após 3 rounds: R$ 1,90 para 1
Confira todos os combates e as cotações do Bodogpara o UFC 261, neste sábado (24/4), na VyStar Veterans Memorial Arena, em Jacksonville, Flórida (em destaque, os lutadores brasileiros escalados para o evento):
CARD PRINCIPAL (a partir das 23h, horário de Brasília)
Vinicio Antony não vê grandes chances de Jessica Andrade desbancar a franca favorita Valentina Shevchenko na disputa de cinturão peso-mosca marcada para o UFC do próximo sábado na Flórida. Para o treinador, a brasileira possui uma deficiência na movimentação que, em choque com a maestria técnica da quirguiz, faz com que o confronto seja desequilibrado. Assista:
Lenda da Capoeira, Mestre Hulk foi o convidado do RESENHA PVT da última terça-feira. Além de contar como foi seu início nas rodas da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro e como os golpes da modalidade influenciaram o Jiu-Jitsu e o Vale Tudo; o ex-lutador também relembrou com detalhes o nocaute histórico sobre Amaury Bitetti no Maracanãzinho em 1995, como isso influenciou a sequência de sua carreira e também o que lhe foi dito por Hélio Gracie após a luta. Assista:
Responsável por ajudar Acelino Popó Freitas a chegar ao topo do mundo em sua categoria, Luiz Dórea analisou o possível desafio entre o ex-campeão mundial, agora aposentado, contra o youtuber e praticante de Boxe Whindersson Nunes. Ao CONEXÃO PVT da última segunda-feira, o treinador baiano foi categórico: “Dificilmente dura dois rounds contra o Popó”. Assista:
Convidado do CONEXÃO PVT dessa segunda-feira, o treinador Luiz Dórea analisou o atual cenário de super lutas do Boxe mundial. Diretamente de Los Angeles, ele deu informações dos treinos de Anderson Silva para o duelo contra Julio Cesar Chavez Jr. nos ringues; adiantou que Robson Conceição deve, talvez já na sua próxima luta, disputar o cinturão mundial de sua divisão; e sugeriu o nome de Rogério Minotouro, medalhista pan-americano (bronze no Rio 2007), como um real desafio ao youtuber Jake Paul, que no último final de semana nocauteou numa luta de Boxe o ex-campeão do Bellator, do One Championship e ex-atleta do UFC Ben Askren.
https://youtu.be/hIAad6pdiKI
Assista ao CONEXÃO PVT com Luiz Dórea completo no vídeo abaixo:
No próximo sábado, dia 24, Jessica Andrade pode voltar a ser campeã do UFC, desta vez na divisão dos moscas. Ex-campeã dos palhas, a brasileira enfrenta Valentina Shevchenko em Jacksonville, na Flórida. Em entrevista com CONEXÃO PVT há pouco mais de um mês, a atleta da PRVT dissecou a oponente, garantiu ter estudado minuciosamente tanto seus pontos fracos quanto os fortes e afirmou que, além do cinturão, também vai atrás do bônus de performance. Assista:
Karateca especialista em MMA, Vinicio Antony apontou falhas na caminhada dos pesos médios do UFC Rodolfo Vieira e Paulo Borrachinha e alertou como a adaptação da movimentação do Karatê pode ser útil para eles. Assista:
Se você acompanha o MMA há alguns anos certamente já ouviu falar de algum “empresário empreendedor” que surgiu do nada prometendo realizar um evento para superar o UFC. Em 3 décadas cobrindo este esporte, infelizmente, tive o desprazer de conhecer dezenas deles, mas nenhum com tamanho potencial destrutivo quanto Carlos Alberto Scorzelli.
Em 1995, momento de franca recuperação econômica, quando o Brasil começava a colher internacionalmente os frutos do plano real, o diretor da Azagaia Propaganda e Promoções LTDA caiu de paraquedas no mundo da luta prometendo realizar um super evento, chamado Desafio Internacional reunindo os maiores lutadores do mundo em 2 etapas: Torneio nacional (eliminatória brasileira com 8 representantes de modalidades distintas, no dia 23 agosto) e Torneio internacional (com 7 lutadores do mundo todo + o vencedor da etapa nacional), onde o vencedor enfrentaria Rickson Gracie, que havia acabado de vencer duas edições do torneio Japan Open e era considerado o No1 do mundo naquele momento.
APOIO DA PREFEITURA
Para contextualizar vale frisar que o Rio de Janeiro não sediava um grande evento de Vale-Tudo desde o Grajaú em 1991 e Rickson Gracie não lutava na cidade desde sua revanche com Zulu no Maracanãzinho em 1983. A possibilidade de trazer de volta a modalidade tendo como protagonista o maior lutador do mundo naquele momento, fez até a imprensa carioca, tão avessa ao Jiu-Jitsu e VT, passar a dedicar um bom espaço nas páginas esportivas para o Desafio Internacional.
Muito bem relacionado o Sr. Scorzelli acabou trazendo ainda mais credibilidade ao evento ao convidar o respeitadíssimo João Alberto Barreto, principal discípulo de Helio Gracie, para ser diretor técnico do evento. Por intermédio de João Alberto, o promotor chegou a Rickson, que aceitou a proposta e topou vir ao Rio para divulgar o evento na etapa nacional, participando naquela oportunidade de uma reunião com o prefeito César Maia.
O político gostou tanto do projeto que prometeu apoiar o evento, aceitando inclusive posar para a capa do Jornal O Tatame (#5) levando um mata-leão de Rickson. Algo absolutamente inimaginável naquele momento onde a imagem do Jiu-Jitsu era totalmente ligada a pitboys. Estava bom de mais pra ser verdade. E para deixar os fãs ainda mais otimistas na redenção do Vale-Tudo em seu berço, a primeira etapa do evento foi um sucesso.
O MARACANAZO DO JIU-JITSU
Com sua credibilidade junto ao mundo da luta, João Alberto conseguiu trazer grandes nomes de diversos estilos, vindos de diferentes unidades da federação para a seletiva nacional, realizada no dia 23 de agosto de 1995 no Maracanãzinho. Até o lendário Rei Zulu, na época com 53 anos, veio do Maranhão fazer parte da eliminatória, que tinha ainda, The Pedro (Luta-Livre), Mestre Hulk (Capoeira), Fera de Acari (Boxe), James Adler (Kickboxing/Judo), Francisco Nonato (Karate e Jiu-Jitsu), Rostan Lacerda (Karate) e o favoritíssimo Amaury Bitetti (Jiu-Jitsu).
A certeza na vitória de Amaury era tamanha, que antes mesmo dos torneios, a comunidade da Arte Suave só falava do confronto entre Rickson vs Bitetti, que seria uma reedição da rivalidade dos tatames, entre Gracies e Carlson, só que agora nos ringues. Algo que nunca havia ocorrido até aquele momento. Além de preta no Jiu-Jitsu Amaury era considerado o representante No1 da equipe por ser preta também no Judô e Muay Thai.
A possibilidade de derrota do fenômeno da Carlson na fase nacional do evento não era sequer cogitada. Certeza essa que acabou fazendo alguns torcedores do Jiu-Jitsu, mais ponderados, baterem na madeira ao lembrarem de uma partida de futebol realizada a poucos metros dali há 45 anos, na famigerada final da copa do mundo de 1950 entre Brasil e Uruguai.
Mas a maneira com que Amaury dizimou seus dois primeiros oponentes, só aumentou ainda mais a confiança dos quase 7 mil torcedores do Jiu-Jitsu que lotaram as arquibancadas. Empurrado em sua entrada pelo clássico de Carl Orff, Carmina Burana, Bitetti fez sua estréia num ringue de Vale-Tudo derrubando, montando e fuzilando Francisco Nonato em 3min57s. Na semifinal o faixa preta da Carlson encarou aquele que teoricamente seria o oponente mais duro do torneio, o kickboxer e faixa preta de Judô maranhense James Adler, que havia nocauteado Rei Zulu meses antes. A fama de pedreira foi confirmada na abertura do torneio quando Adler só precisou de 46 segundos para finalizar o Boxer Fera do Acari com um armlock.
Contra Bitetti, no entanto, o mestre Maranhense sucumbiu a 1min51 com socos da montada.
Enquanto isso do outro lado da chave o azarão mestre Hulk nocauteava o karateca Rostan Lacerda e depois, The Pedro, que vinha de uma improvável vitória sobre Rei Zulú, único lutador que teve o nome gritado por todas as torcidas. Após dominar inteiramente o primeiro round, Zulú cansou no 2º e pediu para o juiz Flávio Behring interromper a luta, colocando The Pedro na semifinal.
Numa repetição melhorada da luta que fizeram, um mês antes, na Ilha dos Pescadores, Hulk desta vez conseguiu definir com socos na montada a 14min43s de luta, tendo só 30 minutos para descansar para a grande final com o favoritíssimo Amaury.
Empurrado pelo clima de já ganhou da torcida do Jiu-Jitsu, Amaury subiu ao ringue para a grande final decidido a trocar golpes com o quase 20kg mais pesado Hulk. E foi depois de uma rápida troca, que Bitetti tentou chutar o capoeirista e perdeu a base, sendo acertado por um cruzado na têmpora, que o levou a lona já desligado. A barulhenta torcida do Jiu-Jitsu silenciou a ver seu representante cair de joelhos recebendo uma seqüência de 12 socos. Claramente incrédulo o árbitro João Alberto ainda esperou a reação do favorito até que intercedeu de maneira tímida ajudando o cambaleante Bitetti enquanto a torcida da capoeira invadia o ringue para comemorar a vitória de seu campeão.
O pessoal do Jiu- Jitsu ainda ensaiou uma volta “no tapetão” mas o próprio Hélio Gracie, mestre de João Alberto Barreto, instruiu o aluno a manter a decisão. Enquanto o Jiu-Jitsu se calava diante do maior Maracanazo da história da modalidade, a torcida da capoeira puxava uma roda com seu novo herói.
seqüência do nocaute de Bitetti publicado pela revista Vale-Tudo
A decepção dos organizadores com a derrota de Bitetti foi tamanha, que tentaram convidá-lo para fazer parte do torneio internacional, mas o faixa preta de Carlson preferiu seguir as regras. “Entrei desconcentrado no clima de já ganhou e perdi, então cumprirei o regulamento, fui vice da fase nacional e vou lutar com o vice da internacional na preliminar da luta do Rickson com o campeão do torneio internacional. Apesar de toda a alegria pela vitória, mestre Hulk preferiu não criar polêmica com a torcida do Jiu-Jitsu. “O Amaury é um grande lutador, mas esta noite eu fui melhor. Agora vou treinar dobrado para representar o Brasil no internacional. Sei que o Rickson é praticamente impossível vencer, mas bem treinado posso surpreender de novo no internacional”
CALOTE DE 1 MILHÃO
O sucesso da primeira etapa repercutiu internacionalmente e a presença de Rickson chancelando o evento motivou lutadores internacionais a participarem da etapa final, que seria realizada em quatro dias (21,22,23 e 24 de outubro).
Scorzelli e João Alberto não conseguiram trazer os já consagrados Taktarov, Shamrock e Kimo, como planejavam, mas de qualquer maneira cumpriram a promessa de trazer 7 representantes, ainda desconhecidos, de diversas modalidades, como o japonês Naoyuki Taira (Karate), o tailandês Bunshima Roong (Muay Thai), o canadense Jean Riviere (Karate Kyokushin), o francês Bertrand Amossou (Jiu-Jitsu), o iraquiano Mustaq Abdullah (Wrestling), o americano Maurice Travis e o japonês Seiji Yamakawa.
O interesse dos fãs japoneses em verem o maior ídolo da modalidade em ação na grande final motivou a vinda de três profissionais da maior revista japonesa de lutas, a Kakutougi Tsushin.
Mas a confusão começou logo no primeiro sábado (21). Pouco mais de duas mil pessoas se dispuseram a pagar 30 Reais pelo primeiro dia de evento. Mas em três horas assistiram a três preliminares entre lutadores nacionais (James Adler venceu He Man; Marcelo Melo venceu Marcelo Pessoa e Crézio de Souza estrangulou Adauto Soares). Os estrangeiros sequer saíram do hotel Marina Palace, uma vez que os RS 5 mil não haviam sequer sido pagos. Os torcedores exigiram o dinheiro de volta e os promotores prometeram pagar no dia seguinte. Mas no domingo (22) a confusão continuou. A programação estava prevista para começar 17h, passou para 19h e só começou 20h30 quando o canadense Jean Rivierre e Mestre Hulk aceitaram entrar no ringue, mesmo sem receber um tostão. Para piorar Hulk foi nocauteado em 20 segundos e foi direto para o Souza Aguiar onde passou a noite numa maca fria sem nenhum suporte.
Nas outras lutas das quartas de final o tailandês Bunshima Roong (Muay Thai) venceu o japonês o japonês Seiji Yamakawa, o japonês Naoyuki Taira (Karate) derrotou o americano Maurice Travis e o iraquiano Mustaq Abdullah (Wrestling) venceu o francês Bertrand Amossou (Jiu-Jitsu). Mas como não receberam, os lutadores decidiram não voltar para a semifinal no dia seguinte.
RICKSON GRACIE ENVERGONHADO
O irmão de Scorzelli, Carlos Eduardo pagou os lutadores com cheques de uma conta encerrada no Banco do Brasil. Presente no Maracanãzinho Rickson Gracie não acreditou no que viu. Visivelmente constrangido, o bicampeão do Japan Open se limitava a dizer “sem comentário” toda vez que alguém da imprensa buscava um depoimento seu.
Para piorar quando voltaram do Maracanãzinho, os lutadores foram expulsos do Marina Palaca por falta de pagamento . E só não dormiram na rua porque Kim Gracie, esposa de Rickson, conseguiu apoio da Artplan que pagou 4 mil reais aos competidores (o contrato previa 5 mil) e arranjou um novo hotel (Leme Palace) onde Roberto Medina, dono da Artplan, tinha credito.
Mas a humilhação não terminou ai. Na tentativa de ir embora, o canadense Jean Rivierre e o iraquiano Mushtaq Abdullah foram retirados duas vezes do avião uma vez que a Varig disse que as passagens foram pagas com cheques sem fundos. “Sou prisioneiro do Brasil “ ironizou Rivierre numa reportagem ao Jornal do Brasil na época. O canadense só conseguiu voltar para a casa no dia 31 graças ao suporte financeiro da Artplan, parentes e empresários.
Rickson, Royler e Zveiter incrédulos com o calote no torneio que definiria seu oponente
“O SCORZELLI FOI LOUCO DE NÃO EXIGIR UM DOCUMENTO DO CESAR MAIA”
Depois de desaparecer por duas semanas, Scorzelli foi encontrado pela reportagem da revista Vale-Tudo e ainda teve a cara de pau de se dizer magoado com a imprensa. “O cheque não era para ser depositado. Era um caução e deveria ser trocado na bilheteria do Maracanãzinho. Como as bilheterias estavam sobre controle da Suderj, ocorreu todo este problema” argumentou Scorzelli. A Suderj aliás estava na lista dos lesados pelo empresário. Segundo estimativa apurada pela Vale-Tudo, o montante do estelionato chegava a ordem de 1 milhão, sendo RS 600 mil devido aos lutadores; RS 1,5 mil a Santa Rosa (aluguel do ringue), RS 20 mil a cenógrafos, RS 10 mil para iluminação, RS 12 mil a torcedores, RS 10 mil para a equipe de som, RS 10 mil para a assessoria de imprensa, RS 6 mil a Varig, RS 6 mil a Hotéis, RS 12 mil a Suderj, R$ 1 mil a Ring Girls e um valor não revelado a GlOBOSAT, que pagou adiantado pela transmissão das lutas.
Duas semanas após o evento entrevistei o mestre João Alberto Barreto, que foi sem dúvida, uma das maiores vitimas de Scorzelli. “Fui convidado para dirigir tecnicamente o evento e informado que a prefeitura se interessou em patrocinar o Desafio. Acreditei no que me foi passado pela Azagaia. Segundo estas informações a prefeitura repassaria a uma emissora de TV verbas publicitárias e esta emissora bancaria o evento. Depois chegou a mim que a prefeitura só bancaria metade do prometido. E posteriormente que não bancaria nada. A Azagaia, então, ao invés de cancelar tudo, continuou com suas fantasias delirantes e nocauteou a todos. O Scorzelli foi um louco de não exigir um documento do prefeito confirmando apoio ao evento”, me disse revoltado na época o mestre, sem querer revelar, no entanto, o valor do prejuízo que teve ajudando a organizar o evento.
Infelizmente, no país do jeitinho, a corda acabou arrebentando para o lado dos lutadores e prestadores de serviço e este triste episódio da história da luta no Brasil terminou “sem culpados”. Um senhor incentivo para que dezenas de outros “Scorzellis” continuassem surgindo prometendo novos mega-eventos “maiores que o UFC” e usando a boa fé dos lutadores para promover outros vexames em âmbito nacional e internacional
PELO MENOS UM PONTO POSITIVO
Diante de tantos profissionais lesados, tive a sorte de, por intermédio deste evento, conseguir iniciar uma parceria profissional que mudou minha vida e permitiu que eu continuasse investindo no jornalismo marcial.
Quando eu estava entrando no Maracanãzinho no sábado (21) para cobrir a fase internacional do evento, vi que três repórteres japoneses sem credenciais haviam sido barrados na entrada do ginásio. Percebendo a falta de bom senso do segurança, diante da violência noturna naquela região, sugeri que eu saísse e um deles usasse a minha credencial para entrar com todo equipamento e credenciar sua equipe. Para minha surpresa o segurança aceitou e o problema foi resolvido rapidamente. Ao final do evento Tanikawa, Endo e Nagao resolveram agradecer me convidando para jantar num restaurante japonês em Copacabana.
O papo varou a madrugada e acabou se transformando numa reportagem de 6 páginas destrinchando para os fãs japoneses a história resumida do Vale-Tudo brasileiro. Descobri isso algumas semanas depois ao receber em casa um exemplar da Kakutougi Tsushin junto com uma carta convite de Tanikawa para que eu passasse a ser correspondente de sua revista no Brasil. Foi o empurrão que faltava para eu tomar a decisão mais importante da minha vida: Abandonar meu emprego como biólogo com carteira assinada na Fundação Bio Rio e mergulhar de cabeça numa aposta sem garantias e nem referências: o jornalismo marcial.
Em tempos totalmente analógicos fui a luta. Montei um estúdio, melhorei a estrutura do meu laboratório fotográfico caseiro e passei a cobrir todos os eventos nacionais mandando reportagens (fotos e textos) via sedex quase todas as semanas, afinal a KT era quinzenal (A KIAI, por exemplo, imprimia 4 revistas por ano). Aos poucos o “Brazil Report” caiu nas graças do fã japonês e dos promotores locais que começaram a ter o espaço como uma espécie de cardápio marcial de onde prospectavam nomes como Alexandre Pequeno (Shooto), Wanderlei Silva e Murilo Ninja (Pride) para os eventos locais. Além dos 17 anos de KT, aquele episódio da “credencial” me propiciou ainda conhecer um grande amigo e parceiro profissional, Susumu Nagao, com quem em 2014 tive a honra de lançar um livro (Do Vale-Tudo ao MMA, 100 anos de Luta). Curiosamente, todo este processo se iniciou graças a este vergonhoso episódio protagonizado pelo Sr. Scorzelli.
Rickson, Rockson e Rei Zulu: reencontro 12 anos depois da histórica revanche, no dia da pesagem da seletiva nacional
Chave da seletiva nacional publicada na revista KIAI
Credencial da etapa nacional
Hulk vencendo seu primeiro oponente Rostan Lacerda
Bitetti estreou no Vale-Tudo fuzilando Nonato em 3min57s
seqüência do nocaute de Bitetti publicado pela revista Vale-Tudo
Rickson na capa da revista Vale-Tudo: participação na grande final
Seletiva nacional publicada na revista KIAI
Após vencer duas edições do Japan Open, Rickson foi convidado para ser o grande protagonista do Desafio Internacional e foi estampado na capa da KIAI
Bitetti na capa do Jornal O Tatame reconhecendo que “subestimou Hulk”
O prefeito César Maia recebeu Rickson em seu gabinete dando apoio ao evento
matéria na Tatame mostrando o encontro entre Rickson e o prefeito
Cronograma do evento internacional, que receberia o apoio da prefeitura
Mestre Hulk com o organizador técnico do evento João Alberto Barreto
Hulk entregando um berimbau para o editor japonês Sadahuru Tanikawa
A torcida da Capoeira compareceu para apoiar o representante brasileiro
Os bastidores e o lifestyle do Rio de Janeiro apresentado aos leitores japoneses
A charge de Rickson ilustrando o topo de todas as paginas da matéria na revista japonesa
O nocaute de Jean Rivierre sobre Hulk recebeu destaque na revista japonesa
Sem passagem e sem receber dos promotores, o lutador Canadense ficou preso uma semana no Brasil
Rickson, Royler e Zveiter incrédulos com o calote no torneio que definiria seu oponente
A revista Vale-Tudo trouxe uma lista de todos os lesados pelo cheque da conta encerrada
Com os japoneses Tanikawa, Endo e Nagao no jantar que mudou minha vida
Mesmo sem lutar, Rickson Gracie, maior ídolo do esporte no Japão naquele momento acabou sendo estampado na capa
A pouco mais de quatro meses para disputar o cinturão dos meio-pesados pela segunda vez, Glover Teixeira participou do CONEXÃO PVT na noite dessa quinta-feira, dia 15. No programa o mineiro fez um comparativo entre seu atual momento e o da primeira disputa de título, quando foi derrotado por Jon Jones por decisão unânime em 2014. Segundo ele, aquele Glover teria pouquíssimas chances com o que vai entrar no octógono no dia 5 de setembro. Assista: